nada se cria, tudo agora é uma questão de uma boa curadoria de conteúdo
Por que a curadoria é algo que as marcas de moda e lifestyle devem estar atentas?
Estamos testemunhando uma mudança na era da mídia social que está forçando uma redefinição da criação de conteúdo. Isso porque os consumidores millennials e da geração Z não estão mais satisfeitos com conteúdo superficial sem ser muito, muito, muito específico. Graças à introspecção imposta pela pandemia, esse grupo valoriza mais a sua identidade e seus valores e, principalmente, seleciona criticamente a energia que querem permitir nas suas vidas.
Os mais jovens analisam ativamente quem acrescenta um propósito expressivo na sua rotina e quem não o faz, enquanto limpam os feeds das suas redes sociais – ganha quem serve a comunidade, isto é, trazendo informação útil ou um alívio no meio do “content shock” com algo ultra acurado.
DÊ ÀS PESSOAS O QUE ELAS QUEREM: UM OÁSIS EM MEIO A TANTO BARULHO
Um report publicado no início do ano pelo Dazed Studio revela que estamos em um turning point: as mídias sociais estão em declínio. O estudo atribui essa tendência a um olhar mais crítico sobre o consumo de conteúdo e ao questionamento da credibilidade em relação aos influencers, que representam um dos principais ícones da golden age nas redes sociais.
A tendência de desinfluência decolou – marcando uma mudança significativa no zeitgeist cultural. Então, chegamos a uma dinâmica em que a lógica de brand-safe está mudando: o tempo de um conteúdo extremamente polido e performático acabou. Mas o que isso significa?
Em termos práticos, as marcas que usam as plataformas para além de uma narrativa estão construindo seguidores de culto que se relacionam e se reconhecem. Depois de ficarem exaustos e entediados com os conteúdos hiper polidos, o público é atraído por tudo aquilo que:
seja filtrado por um especialista no assunto;
seja altamente nichado que, por resultado, é identificável para si;
seja inserido em um lifestyle próprio.
Vamos do começo com um sentimento universal: a produção de conteúdo está infinitamente maior do que nossa capacidade de consumi-la. Devido a isso, segundo o report da Dazed, a geração Z está buscando um envolvimento mais lento e consciente com as informações. O slow content, aqui, é basicamente aquela boa curadoria com a qual vale a pena gastar tempo, aumentando a popularidade de formatos que potencializam o que é fundamentalmente específico. Nessas circunstâncias, o que vale aprendermos com os curadores para adotar em estratégias de marcas?
Eles são influentes por causa da sua expertise e das suas experiências de vida. E a conexão existe por causa dos valores em comum com a sua comunidade. Ganha espaço, aqui, quem possui uma mensagem significativa para compartilhar. Os curadores se tornaram guias de confiança. Até alcançarmos um território de conteúdo formado pela curadoria, o qual se define como um enorme motivador em ajudar a comunidade a se transformar nas pessoas que desejam ser.
Durante a adolescência buscamos nos conhecer, exploramos quem somos e onde pertencemos. E em 2010, blogs como We Heart It, My Space e Tumblr eram os que nos conectavam com as idealizações da realidade e da liberdade de expressão através da curadoria visual em torno dos famosos “mood boards” – os quais ganhavam vida a partir da nossa percepção única e ligavam memórias afetivas. Marcas que funcionam como entidades humanas transformam a curadoria em palavra de ordem, sobretudo ao evocar momentos de eloquência audiovisual, sentimentos e emoções através dessa união, criando assim o seu próprio lifestyle.
PARA ALÉM DE UMA SIMPLES PALAVRA HYPADA
Sim, parece que quando falamos de curadoria, estamos nos referindo a um movimento quase onipresente. Existem menus “com curadoria”, imóveis “com curadoria” e cachos perfeitos “com curadoria” – aos tradicionais curadores que vivem em museus e galerias de arte, o uso da palavra está um tanto quanto gasto.
No entanto, a proliferação da curadoria fala de uma geração ansiosa por porto seguros em meio ao excesso de estímulo e informação. Como solução para um grupo à deriva, torna-se urgente facilitar esse processo, os conectando a inspirações criativas que, de fato, contribuem para afetá-los de uma maneira mais íntima e real. Uma nova prioridade se inaugura e as marcas estão entendendo que está mais precioso do que nunca as raras ocasiões em que o consumidor está disposto a interagir com elas.
Muito mais que influenciar e converter em venda, o ato da curadoria é um processo. A longo prazo, a sua audiência será fisgada por essa forma sutil de explorar culturalmente o produto de um modo mais amplo. É na autenticidade da curadoria que a sua marca adquire força e se destaca; estabelecendo-se, por fim, como a escolha mais óbvia para encontrar a informação relevante dentro do seu nicho.
Alcançar o fator de diferenciação não é fácil e, mais uma vez, encontrar a sua “forma de fazer” completamente única em meio a uma avalanche de informações é desafiador. Porém, ao definir uma estratégia de posicionamento que traduza o mundo e a essência da sua marca, o caminho se torna muito mais fácil. E por que não retomar com os antigos moodboards, atualizando-os conforme os movimentos do mundo atualmente?
NO FIM DO DIA, SUA MARCA PRECISA TER VIDA PRÓPRIA
Quando a sua marca é relacionada a cupcakes e você direciona a sua estratégia de social para imagens de David Bowie jogando seu bolo de aniversário em uma montanha de esqui, você está despertando o consumo de um conteúdo nichado e reconhecível. Você está pedindo para ser visto. O “estranho” faz parar o scroll pelo feed.
Preencher seu calendário de conteúdo com um moodboard inspirador que pareça sua marca faz com que a sua audiência seja transportada para algum lugar dentro do mundo da marca – seja o “mood de hoje” ou “onde queria estar”. As marcas são, em sua natureza, uma referência essencial para a nossa realidade; elas não são apenas um produto, mas sim marcadores que acabam evocando determinadas sensações e emoções.
Quando você considera a ideia de marcas além dos produtos, elas se tornam representações, símbolos ou elementos em nossas vidas. E a tal personalidade de marca, nesse caso, é muito em função de que as marcas precisam ter vida própria. Elas necessitam que seu universo, suas afinidades, seus gostos sejam muito bem definidos. Compartilhar a sua curadoria faz parte do ecossistema da formação de tal personalidade que, por fim, se instaura também como um percurso dialógico.
Afinal, você estará fazendo também com que o seu público sinta que está descobrindo um novo ponto de vista inteligente e alimentando o seu próprio repertório. Especialmente acurado pela marca que é referência em apresentar uma abordagem distinta e inteligente.
Como será o seu post da sexta-feira? Temos uma dica: olhe para o seu nicho e extraia uma perspectiva única sobre ele com base no último produto audiovisual que tenha te fascinado.
OOO 3 PERFIS DE CURADORIA VISUAL PARA FICAR NO RADAR
O Essa revista que nasceu online para dar vazão à curiosidade insaciável de seus fundadores.
O Esse que é referência em quotes inspiracionais combinada a escolha das imagens mais fascinantes de seus pensadores.
O Essa coletânea de memórias da cultura brasileira que nos faz pertencer a determinadas épocas e contextos.
TIKTOK PILLS
Imagine: milhares de pessoas falando sobre a sua marca de uma forma orgânica. Esse cenário há um tempo parecia impossível, mas é uma realidade recorrente no TikTok. Diariamente, a comunidade amplifica mensagens e faz a curadoria de tendências, produtos e assuntos relacionados ao seu nicho. São pessoas falando de marcas, não marcas falando delas mesmas.
Sem um status em jogo, mas com alto potencial criativo, essas pessoas começaram a serem vistas – e valorizadas por marcas – na plataforma. Porque, mais do que nunca, a geração Z está cansada do marketing que se parece com marketing. Aquele conteúdo verdadeiramente humano, falho e compartilhável começou a encher os olhos do público no TikTok. Pessoas querem consumir, cada vez mais, um conteúdo de marca que seja sutil em termos de publicidade e útil para si.
O TikTok nos ensina quando a fronteira entre hacks de jornada de compra e entreter é blurred, fazendo com que esse processo de curadoria se transforme em algo que nos influencia sem que nem nos demos conta.
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Vocês são muito cirúrgicos no conteúdo! "Afinal, você estará fazendo também com que o seu público sinta que está descobrindo um novo ponto de vista inteligente e alimentando o seu próprio repertório. Especialmente acurado pela marca que é referência em apresentar uma abordagem distinta e inteligente." Vocês são esse trecho aqui pra mim kkkkkkkkkk