Que o Bluesky e o Threads nos desculpem, mas o fim (fim?) do Twitter nos deixou viúvas. De um tipo de linguagem e, mais importante, de um tipo de humor que só existia lá — ou que existia lá primeiro e, depois, era replicado de forma mais sutil e menos urgente nas outras redes.
As coisas eram, sim, mais problemáticas e problematizadas, mas a rapidez de acesso às informações, referências e expressões do momento era inigualável.
Sem ele, mas com acesso a muito mais que 280 caracteres, o Departamento das Engraçadinhas™ da OUT OF OFFICE se uniu para refletir sobre o uso do humor nas marcas e seu impacto na vida profissional — afinal ninguém sabe como tá a mente do palhaço… mas hoje vamos abrir o jogo!
Primeiro, um contexto rápido: a OOO realmente é o ambiente cool que o feed do Instagram dá a entender. Mas, mesmo nesse cenário criativo e cheio de possibilidades, demorou um pouco para que a gente trouxesse o humor para conversa: dá para ser levada a sério como profissional quando se é uma pessoa engraçada?
A resposta imediata? É claro que dá! Mas…
Não — e a sua For You provavelmente concorda que não — mas a gente trouxe outras fontes para confirmar:
Um estudo da Oracle com mais de 12 mil consumidores e business leaders em 14 países aponta que:
91% das pessoas prefere que as marcas sejam engraçadas
72% escolheria uma marca que usa humor em vez da concorrência
48% disse não sentir conexão com uma marca que não faz sorrir/rir
Em contrapartida…
95% dos business leaders têm medo de usar humor em interações com clientes
85% afirmam não ter as ferramentas ou insights para usar humor com sucesso na publicidade.
A disparidade entre a vontade de rir e a falta de piadocas ~comerciais~ é explicada pela Forbes com dois motivos:
O primeiro: muitas marcas estão focadas em vendas a curto prazo. Para elas, eficácia se resume a listar benefícios do produto. Assim, ficam de lado alguns pilares importantes, como o de criar comunidade e entreter — algo compreensível em tempos de crise e orçamentos reduzidos.
O segundo, e mais facilmente refutável, é a “cultura do cancelamento”. Com o passar dos anos e a evolução das ideias, o humor que propaga preconceitos passou a ser mal visto (ufa! Já era tempo) — e a gerar prejuízo$ quando utilizado por marcas.
A internet é barulhenta e o medo de escorregar e cair de cara no cancelamento faz sentido. Mas cortar totalmente o humor da comunicação não.
É preciso autoconhecimento como marca para entender a aceitação do humor pelo público alvo.
Além de muita pesquisa e planejamento na hora de criar o conteúdo — você já ouviu a palavra da OOO hoje? — vale fazer bom uso do fluxo frenético dos feeds: testar. Aos pouquinhos e de forma gradual, que é para não matar ninguém de rir.
Como bem pontuou o estudo da Kantar:
“O humor é excelente para humanizar sua marca e construir afinidade, assim como os amigos que te fazem rir tendem a ser os mais próximos [...] mas é preciso se atentar ao tipo de humor que você usa. É essencial que ele não seja apenas relevante para seu público-alvo, mas também apropriado para o contexto de mídia”.
Como nós bem pontuamos: seriedade não equivale a qualidade.
SSENSE: não só o aesthetic impecável fez dela uma referência cool.
2. BLOOMBERG LÍNEA BRASIL: fala a verdade, em que outro contexto você pararia pra assistir um tiktok sobre economia e ainda dar uma risadoca?!
DUOLINGO: (๑>•̀๑)( •̯́ ₃ •̯̀)(づᴗ _ᴗ)づ♡
No episódio 06 da primeira temporada de Hacks (que acabou de vencer o Emmy como melhor série de humor) um trechinho de diálogo é muito e nada explicativo sobre o momento em que vivemos.
Uma escritora jovem e cancelada tenta convencer uma humorista consagrada e ultrapassada a atualizar suas piadas falando mais de sua vida pessoal. Para convencê-la, diz:
"people want the raw truth or ASMR of girls eating soap".
Ou seja, é necessário ser real como forma de gerar conexão, ou aceitar o papel de entretenimento rápido e raso — o que não precisa ser pejorativo, né?
Aliás, rápido não é nada de novo para a Gen-z. Porém, assim como os Millenials, essa geração submersa em trends de curtíssimo prazo tem se apoiado na nostalgia para ter esperança de um futuro melhor.
O presente? Passa rápido demais.
A busca (na vida) é por algo mais sólido: vínculos e memórias que durem e tragam alguma construção de personalidade — mas pra encarar esse presente tão frenético, diversão é o carro chefe.
Uma pesquisa da GWI mostra que, para 41% da Gen-Z e 34% dos Millennials, o motivador principal de usar redes sociais é "encontrar entretenimento ou diversão".
Se as marcas querem dar um boost em conteúdo orgânico, humor é uma ótima ferramenta pra isso.
A realidade é que conexões só são geradas por meio da emoção, o algoritmo não deixa mentir:
Ele entende o que te toca e entrega quentinho na sua For You. Apesar do brilho da tela constante ser exaustivo, a internet ainda é habitada por humanos (ou marcas) em busca de pertencimento.
E pertencer também é fazer rir: seja como uma ferramenta de mercado ou só por alegria genuína.
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Sempre bom ter gráficos e fontes. Nice read.