será que o consumo do TikTok está caindo?
Spoiler: o futuro do aplicativo é mais incerto do que nunca.
No início deste mês, a OUT OF OFFICE lançou o "cultural wrap up" — uma agenda mensal onde os OOOfficers se reúnem para trocar ideias e explorar conexões e cenários relacionados aos shifts culturais em andamento (assista o behind the scenes aqui!).
O tema deste mês foi a proibição do TikTok e o futuro da era digital, ampliando a discussão para refletir sobre a nossa relação com as redes sociais. Então, notamos um movimento comum em nossa equipe: estamos perdendo o interesse no TikTok.
Será que esse seria um indicador de um sentimento predominante sobre as redes sociais no geral? Estamos usando o TikTok da mesma forma que usávamos no ano passado? Enxergando-o como a plataforma mais inovadora de todas? Que simplesmente preenchia todas as caixinhas?
Não temos as respostas certas. Talvez nem existam. Mas, entendendo a importância de uma visão que olha por todos os ângulos, decidimos realizar uma micro pesquisa com não apenas as pessoas que trabalham na OOO, mas também amigos, familiares e pessoas de diferentes backgrounds e gerações — até mesmo a Gen Alpha, que praticamente nasceu sabendo como navegar na FYP — para interrogá-los:
Como você se sente em relação ao TikTok?
A geração que tem registros digitais desde o seu nascimento não está mais usando o TikTok como antes, preferindo migrar para novas plataformas digitais que oferecem experiências mais íntimas e descentralizadas. Ou estão sendo proibidos de baixar o aplicativo.
"Antes, eu usava 10 horas por dia, hoje não fico nem 2 horas. Eu não estava conseguindo ver um filme inteiro sem pegar no celular várias vezes. Percebi que esse hábito faz mal quando vi numa página no próprio TikTok falando, citando que era um estudo comprovado, aí me deixou assustado."
Enzo, 14 anos, estudante
📍Rio de Janeiro, Brasil
"Gostava de usar o TikTok para passar o tempo, mas hoje vejo muito mais sentido em usar o Discord para procurar informações em fóruns de comunidades que sabem verdadeiramente como funciona tal coisa."
Gabriel, 13 anos, estudante
📍Rio de Janeiro, Brasil
"Usava muito o TikTok no começo dele para acompanhar as dancinhas e trends de humor que rolavam. Até que meus pais proibiram o app no meu celular. Hoje, não entro mais em nenhuma outra rede social, só fico no WhatsApp conversando com minhas amigas."
Alice, 12 anos, estudante
📍Rio de Janeiro, Brasil
"O TikTok é o novo Google". Talvez você já tenha ouvido falar sobre isso — não é à toa que a ferramenta especial de pesquisa foi mencionada em quase todas as respostas. Sua natureza interativa e muito visual, aliada a um SEO e algoritmo extremamente precisos, torna a experiência de busca ainda mais diferenciada (e relevante) para o dia a dia.
"Eu sempre tive uma relação ok com o app, usando mais para pesquisar lugares, receitas e conteúdos ~ work related ~. "
Bruna, 30 anos, OOOfficer, coordenadora criativa e pesquisadora de tendências
📍Porto Alegre, Brasil
"Uso cada vez mais para pesquisar receitas, sobre viagens, acontecimentos recentes, inspirações e diversas outras coisas."
Sofia, 21 anos, estudante
📍Columbia, United States
"Hoje uso o TikTok de forma totalmente propositiva e focada:
Com olho quase fechado pra não ver a FYP, vou direto na barra de busca pra assistir 02 creators que eu gosto de acompanhar. Tipo seriado.
Novamente na barra de busca pra pesquisar alguma trend/referência/tensão cultural específica que eu queira ver
Quando vou planejar alguma viagem, direto na barra de busca, gosto do TikTok por ser visual e dinâmico pra pegar inspirações e lugares que vou querer visitar"
Beatriz, 30 anos, OOOfficer, co-fundadora e diretora executiva
📍New York, United States
Para as gerações mais jovens, o TikTok é um espaço que simboliza comunidade e permite conexões — além de ser um lugar para trends e conversas em real time. No entanto, é justamente por oferecer esse tipo de escapismo que, frequentemente, acaba alimentando o vício.
"Relação de amor e ódio, porque amo que aprendo MUITAS coisas nesse app diariamente, desde life hacks bobinhos até sobre assuntos mais sérios, mas acaba que fico consumindo tanta informação (sobre coisas completamente diferentes) que fico meio overwhelmed."
Ana Luisa, 21 anos, OOOfficer, estagiária de conteúdo e estudante
📍New York, United States
"E não apenas isso, virei uma viciada em Tiktok. É impressionante o tempo que passo dentro dessa rede social. Muitas vezes, inclusive, sem fazer “nada”, apenas passando de vídeo em vídeo procurando algo interessante para consumir."
Marina, 21 anos, estagiária de marketing e estudante
📍São Paulo, Brasil
"Não sei por quê, mas no TikTok sinto muito mais liberdade para postar qualquer coisa ou interagir sem medo. Amo comentar em vídeos aleatórios de pessoas desconhecidas; isso cria conexões e dá um senso de comunidade. Para mim, esse senso de comunidade dentro da plataforma é um dos motivos do vício. (...) Embora ame essa "válvula" de escape, isso me desgasta muito e, às vezes, me sinto sobrecarregado. Demoro para dormir e fico preso na cama. É péssimo."
João Vitor, 20 anos, OOOfficer, estagiário de conteúdo e estudante
📍São Paulo, Brasil
"Hoje em dia, vendo a relação das outras pessoas com o app, agradeço por nunca ter me apegado tanto a ele, ou nunca ter dado tempo o suficiente para o algoritmo entender meus gostos."
Raquel, 24 anos, OOOfficer, designer
📍Lisboa, Portugal
Laís Maciel, 23 anos, OOOfficer, analista de conteúdo
📍Rio de Janeiro, Brasil
O uso de plataformas como o TikTok pode ser viciante: inicialmente empolgante, mas será que o uso excessivo, com o tempo, não leva a um misto de euforia e frustração, deixando os usuários presos em um ciclo de gratificação instantânea?
"É como qualquer coisa viciante. No começo é incrível. Uma dose rápida já te traz um volume de informações novas, entretenimento e uma experiência incrível. Mas, a cada noite que se passa scrollando a tela — mais sentimento esquisito traz.
Portanto, minha relação hoje com TikTok é como docinhos açucaradíssimos… Não é todo dia que vou comer nutella. Mas quando como é bem legal. E escolho esses momentos para continuarem sendo um momento legal. O uso excessivo me deixava literalmente inflamada mentalmente. Chegava no final da minha maratona de vídeos e me sentia vazia, esquisita, sem propósito… Com um feeling que a vida tava passando e eu ali."
Lucila Thompson, 26 anos, OOOfficer, strategy leader
📍Rio de Janeiro, Brasil
Talvez a restrição de tempo de uso das redes sociais nem seja mais necessária. Em muitos casos, observamos uma diminuição natural do acesso ao TikTok e preferência por outras atividades menos online.
"E do nada, mesmo sabendo da necessidade de reduzir meu consumo nas telas e especificamente nas redes sociais, eu fui perdendo a vontade de criar, em seguida de consumir. Parece que o vício e a vontade de usar o app foram morrendo juntos. Hoje eu entro às vezes, e sempre pra pesquisar. Mas o impulso de acessar quando estou fazendo nada morreu."
Catharina, 37 anos, OOOfficer, co-fundadora e diretora executiva
📍New York, United States
"Hoje em dia, apesar de eu considerar que eu ainda passo um tempo considerável no TikTok, eu uso ele mais à noite, uma vez por dia, um pouco antes de dormir. Então, é diferente de um Instagram, por exemplo, que eu uso como forma de distração e às vezes nem percebo que eu tô abrindo entre tarefas do dia a dia. "
Luana, 20 anos, estudante
📍São Paulo, Brasil
"Mas, depois, sinto que minha "vontade de usar o app" foi morrendo por conta própria - eu não cheguei a me "forçar" ou até impor que eu deveria usar menos. Eu só fui parando, até que vi que estava há 1 semana sem postar... um pouco mais, uns 10 dias, sem entrar. Enfim, acho que isso coincidiu com o momento em que eu tava lendo um livro muito bom e depois engatei em outro muito bom e fui preenchendo o tempo com isso - ou talvez só meu cérebro cansou de se derreter.
Mariana, 26 anos, OOOfficer, especialista em conteúdo de marca
📍São Paulo, Brasil
"Acho que hoje tenho valorizado muito o tempo livre de outra forma, reservo pra ler um pouco, sair pra uma caminhada, sei lá…e reparo é que quanto menos organizada a vida está (em rotinas, saúde mental, sono, etc), mais fácil é de ficar nesse loop."
Vivian, 37 anos, OOOfficer, PMO
📍São Paulo, Brasil
Como todo sinal de comportamento, isso não é uma certeza. Seguimos observando (e questionando) as mudanças culturais em andamento. Algumas tendências desaparecem mais rápido do que surgem. Compreender o zeitgeist também envolve isso.
OOO 3 COISAS QUE OS OOOFFICERS ESTÃO PREFERINDO FAZER DO QUE PASSAR HORAS SCROLLANDO A FOR YOU
O Essa exposição no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, de Alexander Calder e Joan Miró, com entrada gratuita, até o dia 15 de setembro.
O Essa série argentina irônica e inteligente — com aquele humor ácido preciso. Sobre "nada" e sobre "tudo" que pode acontecer quando você se deixa levar pelo ordinário.
O Esse novo livro de Tatiana Salem Levy, autora de Vista Chinesa, sobre as principais questões que as mulheres enfrentam ao longo da vida.
Desde que você recebeu a nossa última newsletter, nós seguimos online. Esses foram os principais posts da OUT OF OFFICE, caso você tenha perdido:
Ó, hoje mesmo comentei o quanto adoro o TikTok. Sinto uma liberdade de julgamentos ali que considero muito valiosa. Além disso, a ferramenta de pesquisa é super útil. Nunca chegou a ser um vício para mim; nós dois começamos a relação com o pé direito. Pode ser culpa do algoritmo, mas ainda consigo tirar coisas valiosas de lá. Vejo pessoas com uma energia mais autêntica tendo conversas interessantes e adoro pegar várias dicas legais do que fazer na minha cidade.
Eu também concordei com muitas das coisas que li aqui e acho que, no meu mundo ideal, usaria todas as redes de forma inteligente e na medida certa, leia-se também, bem e pouco. Idealizar é bom, né? Hahaha. Enfim, gosto muito dos questionamentos que vocês trazem e estou aguardando pacientemente (ou nem tanto) os comportamentos dos próximos capítulos :)